Rejeitar pressões<br>e ingerências
No comício realizado no dia 12 em Santarém, Jerónimo de Sousa repudiou as pressões e chantagens exercidas pela União Europeia sobre as instituições nacionais visando condicionar o conteúdo do Orçamento do Estado.
É preciso romper com as amarras que prendem o País
Falando perante uma plateia entusiasmada, que encheu a sala da Assembleia Municipal da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, o Secretário-geral do Partido insistiu na necessidade de o País romper com as imposições da União Europeia e outros constrangimentos externos. Esta é, reafirmou, uma condição absolutamente indispensável para que seja possível trilhar o «rumo de desenvolvimento soberano, progresso social e criação de emprego de que Portugal precisa».
Esta realidade, garantiu Jerónimo de Sousa, ficou mais clara aos olhos dos trabalhadores e do povo na sequência das pressões e chantagens das instituições da União Europeia sobre as autoridades portuguesas, agravadas nos dias que antecederam o comício. Já aquando da apresentação, pelo Governo, do esboço do Orçamento do Estado (entretanto entregue a Bruxelas), o PCP tinha afirmado que os «constrangimentos e condicionamentos que estão presentes na orientação da sua elaboração eram motivo de preocupação», acrescentou o Secretário-geral do Partido. Estes constrangimentos e condicionamentos, precisou, podem «comprometer a resposta a que o povo português aspira, nomeadamente as amarras e limitações externas que persistem e que impedem a libertação do País de forma a afirmar o seu desenvolvimento soberano».
Na reunião do Eurogrupo realizada na véspera, lembrou o dirigente comunista, foram feitas «ameaças veladas» ao Governo português e exigiu-se a adopção de novas medidas «ditas de austeridade», o que revela uma tentativa as instituições da UE de «fazer regredir o caminho da inversão das políticas de empobrecimento popular e da exploração do trabalho» levadas a cabo nos últimos anos. Esta nova vaga de ingerência externa mostra, por si só, que «este é um combate que não só exige muita firmeza e determinação para garantir a defesa do interesse do País e do nosso povo» como confirma a necessidade de «dar força a uma política de efectiva ruptura com os constrangimentos externos que atam o País».
Lutar pela ruptura
A proposta de Orçamento do Estado que está em apreciação é do Governo e não do PCP, sublinhou Jerónimo de Sousa, que garantiu o empenhamento do Partido para fazer com que o Orçamento corresponda «o melhor possível» às aspirações e expectativas dos trabalhadores e do povo. Sendo certo que o PCP mantém a plena consciência de que a solução para os problemas do País «não dispensam, bem pelo contrário exigem, a indispensável ruptura com a política de direita e a concretização de uma política patriótica e de esquerda», o Secretário-geral garantiu que «continuaremos a estar como sempre temos estado, empenhados na procura das soluções e na tomada de medidas que correspondam a legítimas aspirações dos trabalhadores e do povo português a uma vida melhor».
Para além de Jerónimo de Sousa, que apontou ainda as múltiplas e exigentes tarefas que se colocam este ano aos comunistas, interveio ainda no comício Octávio Augusto, membro da Comissão Política e responsável pela Organização Regional de Santarém, que sublinhou alguns aspectos da situação social da região e destacou questões imediatas que devem merecer a atenção e o empenho da organização partidária.